A PULP FICTION brasileira de Ryoki Inoue
Resumo
“A mente acadêmica”, reflete Ray Browne em Against Academia, “começa com capacidade quase ilimitada, mas nunca utiliza todo seu potencial[1]” (BROWNE, 1989, p. 1). Por essa razão, ela resulta em uma instituição semelhante aos salões de arte conforme descritos por Pierre Bourdieu, pois “se definem mais pelo que excluem que pelo que aglutinam” (BOURDIEU, 2010, p. 69). Essas posições exclusivistas assumidas pelos agentes literários dentro do campo delineiam uma prática cognitiva fundadora de uma realidade acadêmica maniqueísta. De um lado, o predomínio da beletrística, com os cânones e a “ficção literária”, “séria”, que, na tentativa de absorver a sensibilidade moderna, por vezes se distancia do público; do outro, a literatura popular, pulp, de gênero, a literatura de banca de jornal, toda a literatura que tem por objetivo principal o entretenimento.
[1] Essa e todas as traduções, quando necessárias, são de nossa autoria.
Referências
BOURDIEU, Pierre. As regras da Arte: gênese e estrutura do campo literário. Trad. Maria Lucia Machado. São Paulo: Companhia das Letras, 1996.
BROWN, Ray. Against Academia: the history of popular culture association/american culture association and popular culture movement (1966-1988). Ohio: Bowling Green University Press, 2006.
CAUSO, Roberto de Sousa. Ficção científica, fantasia e horror no Brasil (1875-1950). Belo Horizonte: UFMG, 2003. 94
COELHO, Laís. “Literatura fordista: um autor que escreve de tudo, menos biografia de político”. 2012. Disponível em: <http://revistapiaui.estadao.com.br/edicao-72/esquina/literatura-fordista>. Acesso em: 5 jan. 2016.
HAINING, Peter. “The classic era of American pulp magazines”. Disponível em: <http://www.crimetime.co.uk/features/peterhaining.php>. Acesso em: 10 dez. 18 jun. 2016
FRANÇA, Julio. “Ecos da pulp era no Brasil: gótico e decadentismo em Gastão Cruls”. 2013. Disponível em: <http://www.uel.br/pos/letras/terraroxa/g_pdf/vol26/TR26a.pdf>. Acesso em: 18 jun. 2016.
GOULART, Ron. Cheap thrills: an informal history of the pulp magazines. New Rochelle: Arlington House, 1972.
McCRACKEN, Scott. Pulp: reading popular fiction. Manchester: Manchester University Press, 1998.
MOFFETT, Matt. “Truth is stranger than pulp fiction: 1 man, 1.039 books”. 1996. Disponível em: <http://www.ryoki.com.br/wallstreetjournal.htm>. Acesso em: 5 jan. 2014.
NASH, Walter. Language in popular fiction. Londres: Routledge, 1990.
OLIVEIRA, Laura. “O político e o insólito nas edições GRD: gênese e estrutura de um campo editorial (1956-1968)”. 2010. Disponível em: <http://www.cpgss.ucg.br/ArquivosUpload/16/file/Anais_III_Seminario_de_Pesquisa_da_Pos-Graduacao_em_Historia_UFG-PUC_Goias/pdf/Laura%20de%20Oliveira.pdf>. Acesso em: 10 fev. 2016.
ORWELL, George. Como morrem os pobres e outros ensaios. Trad.: Pedro Maia Soares. São Paulo: Companhia das Letras, 2012.
PETERSON, Thomas. Magazines in the twentieth century. Urbana: The University of Illinois Press, 1956.
ROCHA, João Cezar de Castro. “Et in Arcadia ego: por uma crítica da melancolia chique”. 2013. Disponível em: <http://rascunho.gazetadopovo.com.br/et-in-arcadia-ego-por-uma-critica-da-melancolia-chique/>. Acesso em: 18 jun. 2016.
SMITH, Erin A. Hard-boiled: working-class readers and pulp magazines. Philadelphia: Temple University Press, 2000.
SODRÉ, Muniz. Best-seller: a literatura de mercado. São Paulo: Ática, 1988.
SOUZA, Eneida Maria de. Crítica cult. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2007.
WERNECK, Humberto. “O furor das letras”. 1996. Disponível em: <http://www.ryoki.com.br/imprensa_playboy96.htm>. Acesso em: 18 jun. 2016.
TAVARES, Braulio. A pulp fiction de Guimarães Rosa. João Pessoa: Marca de Fantasia, 2008.
Este obra está licenciado com uma Licença Creative Commons Atribuição-NãoComercial 4.0 Internacional.