As facetas do sufixo -ão: uma História das ideias linguísticas sobre o processo de formação de palavras
Resumo
Este trabalho inscreve-se numa perspectiva materialista da linguagem, e tem como objetivo compreender como se dá a ler em gramáticas brasileiras do século XX e XXI dos autores Said Ali (1921), Rocha Lima (1985), Bechara ( 1986, 2005) o processo de formação de palavras por derivação sufixal em -ão. O interesse pela questão se deu pelo fato de vermos circular em ritmo alucinante, principalmente no espaço enunciativo da política, palavras novas que são formadas pelo processo de sufixação –ão, entre elas “mensalão”, “metrolão” e outras. Acreditamos que o processo de criação de palavras, no campo político, instaura um conflito sobre o imaginário de língua portuguesa, instrumentalizada em gramáticas normativas brasileiras. Destarte, torna-se importante um trabalho que considere a história como elemento chave no processo de formação de palavras, mais especificamente a derivação sufixal em –ão, com intento de observar seu funcionamento em instrumentos que cumprem o papel de descrever a língua e organizá-la dentro de uma política linguística. Para nossa reflexão, mobilizaremos os pressupostos teórico-metodológicos da semântica da enunciação, proposta por Guimarães (2002, 2004), a Análise do Discurso de linha francesa, a partir de Orlandi (1989, 1998, 2001), especificamente no que tange aos estudos realizados pelo grupo de pesquisa em História das Ideias Linguísticas (HILs) UNICAMP, a partir das discussões empreendidas por Auroux (2014) sobre gramatização.Referências
AUROUX, S. A revolução tecnológica da gramatização. Tradução: Eni Orlandi- 3ª ed. – Campinas, SP: Editora da UNICAMP, 2014.
BECHARA, Evanildo. Moderna gramática portuguesa. 37ªed. Rio de Janeiro, RJ: Editora Lucerna, 2005.
BECHARA, Evanildo. Gramática escolar da Língua Portuguesa. 1ª ed. Rio de Janeiro, RJ: Editora Lucerna, 2004.
BECHARA, Evanildo. Moderna gramatica portuguesa: Curso de 1 e 2 graus. 30ª ed. São Paulo, SP: Companhia Nacional ,1986.
GUIMARÃES, Eduardo. Enunciação e História. In: História e sentido na linguagem. Campinas, SP: Pontes,1989.
GUIMARÃES, Eduardo. Os limites do sentido: um estudo histórico e enunciativo da linguagem. Campinas, SP: Pontes. 1995.
GUIMARÃES, Eduardo. Semântica do Acontecimento: um estudo enunciativo da designação. Campinas, SP: Pontes, 2002.
GUIMARÃES, Eduardo. História da semântica - sujeito, sentido e gramática no Brasil. Campinas, SP: Pontes, 2004.
LIMA, Rocha. Gramática normativa da Língua Portuguesa. 26ª ed. Rio de Janeiro, RJ: Editora José Olímpio, 1985.
NUNES, José Horta. Definição lexicográfica e discurso. In.: Línguas: instrumentos linguísticos. Revista n. 11. Campinas, SP: Pontes, 2003, p. 9-30.
MAINGUENEAU, D. Análise de textos de comunicação. 6ªed. São Paulo, SP: Cortez, 2013.
ORLANDI, E. P. Análise de Discurso: princípios e procedimentos. 10ª ed. Campinas, SP: Pontes, 2012.
ORLANDI, E. P. História das Ideias Linguísticas: construção do saber metalinguístico e constituição da língua nacional. Campinas, SP: Pontes; Cáceres, MT: Unemat, 2001.
SOUZA, Pedro. Às margens da gramática, a emergência da semântica no Brasil. In: História das ideias linguísticas: construção do saber metalinguístico e constituição da língua nacional. Campinas, SP: Pontes; Cáceres, MT: Unemat, 2001, p. 125- 153.
RIO-TORTO. G. Sistémica e pragmática dos sufixos avaliativos. Revista Portuguesa de Filologia. Volume XXI, 1997, p. 203-228. Disponível em https://estudogeral.sib.uc.pt/bits. Acesso em 06/02/2015.
SAID, Ali. Grammatica secundaria da língua portuguesa. Rio de Janeiro, RJ: Ed. UnB, 1964.
SANTOS, A. P. A polissemia dos sufixos aumentativos –ão, -arro, -orro, -aço e –uço e seus traços avaliativos sob a perspectiva diacrônica. Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação da Faculdade Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade do Estado de São Paulo, 2010. Disponível em http://www.teses.usp.br/teses/. Acesso em 08/02/2015.
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
- Autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Attribution que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.
- Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
- Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado (Veja O Efeito do Acesso Livre).
Este obra está licenciado com uma Licença Creative Commons Atribuição-NãoComercial 4.0 Internacional.