Políticas e Educação Ambiental: o MST como agente potencializador da Educação do Campo

  • Philippe Drumond Vilas Boas Tavares Universidade Federal de Viçosa
  • Cezar Luiz De Mari Universidade Federal de Viçosa
Palavras-chave: Educação do campo. Educação ambiental. Desenvolvimento sustentável.

Resumo

Este artigo parte do pressuposto que os debates em torno da Educação Ambiental (EA) ganham espaço em um contexto marcado pela degradação permanente do meio ambiente e pela supremacia da racionalidade produtivista sobre os interesses ecológicos. Entendemos que a EA, mais do que normatização legal, constitui-se como prática cotidiana nos movimentos sociais. Através de uma análise documental e bibliográfica buscamos comparar os princípios da Educação Ambiental produzidos na Zona da Mata, especificamente dentro do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) - vinculados às práticas sociais como práticas educativas - com as orientações da convenção internacional de Tsibilise (1977). Tratando-se de um ramo da educação, a EA não se desvincula deste, ao passo que necessita transitar entre outras áreas do conhecimento, a fim de embasar melhor suas prerrogativas. A educação proposta pelo MST visa criar uma identidade dos sujeitos envolvidos nos conflitos e na temática do movimento. Assim, a educação ambiental assume papel de destaque neste cenário educacional, servindo como instrumento primordial na consolidação de novos saberes relacionados a um novo modo de produção sustentável. A presente pesquisa evidencia que as regulações governamentais – leis, estatutos, os Parâmetros Curriculares Nacional – apontam a necessidade de se trabalhar a perspectiva da EA sob um viés transformador, condição que é oferecida pelo MST em seus cadernos de formação e materiais afins, de modo a romper com os paradigmas educacionais relacionados à educação rural e reafirmar os preceitos da Educação do Campo, ressignificando as relações de trabalho no modo de produção agrícola.

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Biografia do Autor

Philippe Drumond Vilas Boas Tavares, Universidade Federal de Viçosa
Mestrando em Educação pelo Programa de Pós-Graduação em Educação do Departamento de Educação da Universidade Federal de Viçosa, na linha de pesquisa Educação, Estado e Sociedade. Membro fundador da International Gramsci Society, IGS-Brasil. Tem experiência na área de Educação, com ênfase em Educação do Campo, Movimentos Sociais e a relação entre Estado e Educação, trabalhando a temática de Sociedade do Conhecimento, suas relações com o Ensino Superior e com a pós-graduação a nível de mestrado e doutorado.
Cezar Luiz De Mari, Universidade Federal de Viçosa
Doutor em Educação pela Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC (2006). Professor adjunto do Departamento de Educação da Universidade Federal de Viçosa - UFV (2010-atual), atuando como professor do Programa de Pós-Graduação em Educação nas áreas de Política Educacional, Ciência Política e Educação. Membro da Internacional Gramsci Society, criada em 29/05/2015 - RJ, pesquisador da área de fundamentos em educação com ênfase em educação, conhecimento e processos educativos. Líder do Grupo de Pesquisa educação, conhecimento e processos educativos e do Grupo de Estudos dos clássicos contemporâneos em educação - GECCE (2010-atual). Tem experiência nas áreas de Educação, Filosofia da Ciência, Ética, Ensino Superior, atuando principalmente nos seguintes temas: epistemologia e educação, educação e sociedade do conhecimento e políticas educacionais e processos educativos.

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Publicado
2017-07-16
Como Citar
Tavares, P. D. V. B., & Mari, C. L. D. (2017). Políticas e Educação Ambiental: o MST como agente potencializador da Educação do Campo. Perspectivas Em Diálogo: Revista De Educação E Sociedade, 4(7 (2017), 80-96. Recuperado de https://periodicos.ufms.br/index.php/persdia/article/view/1964
Seção
Artigos de demanda contínua